quarta-feira, 11 de julho de 2012

ADORAÇÃO


CARACTERÍSTICAS DE UMA VERDADEIRA ADORAÇÃO

“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.23,24)

 

Há algumas explicações quanto a escolha de Deus por um povo “...especial, zeloso e de boas obras” (Tt 2.14), entre elas destacamos a Adoração. Ela é uma das funções ou objetivos tanto de Israel como da Igreja. Jesus destacou a procura do Pai por adoradores, confrontou Satanás na fidelidade somente a Deus quanto a adoração (cf. Mt 4.10).

A adoração é o meio pelo qual se honra a Deus através de Jesus Cristo. “É a exaltação do nome, do caráter, dos propósitos e dos feitos do Altíssimo”[1]. Nela o homem se completa e se satisfaz, encontrando o propósito de sua existência, pois através dela o divino e o humano se encontram, porque é no meio dos louvores que o Senhor habita (cf. Sl 22.3) e é através deles que somos edificados (ver 1Co 14.15-17).

A adoração pode ser compreendida pela definição do conceito, analisando a sua aplicação exegética no contexto bíblico; o seu desenvolvimento através da história; a transição entre Antigo e Novo Testamento e a sua contemporaneidade.

De forma sintética e objetiva analisamos cada ponto:

I – DEFINIÇÃO

Para o significado etimológico da palavra é preciso lançar mão dos termos em hebraico e grego (línguas originais do Antigo e Novo Testamento). Vejamos:

No hebraico, o termo mais comumente usado no Antigo Testamento é “shahah”, que significa prostrar-se, curvar-se, inclinar-se humildemente perante um monarca reconhecendo sua soberania[2]. O sentido é empregado por Abraão (Gn 24.26); pelos salmistas exaltando a soberania de Deus (Sl 66.4, 95.6). A palavra também é usada por Josué, significando a prestação de culto somente ao Senhor em contraste com o culto idolátrico (Js 23.7).

No grego do Novo Testamento a palavra correspondente é “proskyneo”, que significa beijar, agachar-se, prostrar-se em homenagem[3]. Seu sentido foi utilizado quando Jesus confrontou Satanás (Mt 4.10) e no seu encontro com a samaritana (Jo 4.23).

Embora algumas outras variações possam surgir na definição dos termos, o que fica evidente é que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, adorar ao Senhor é prostrar-se a Ele não apenas oferecendo-lhe culto como uma liturgia ou ritual, mas homenageando-o, beijando-o com demonstração sincera do nosso amor e respeito à sua divindade.

II – TRANSIÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

  Entre inúmeros deuses e cultos sistematizados pelo homem através da história, percebemos o anseio, a sede da alma humana em encontrar o que perdeu, a comunhão com Deus.

Criando muitas formas de adoração, o homem na tentativa de se relacionar com o divino, de forma paradoxal afastou-se cada vez mais do seu Criador. Assim sendo, o próprio Deus tomou a iniciativa de escolher um povo, chamado Israel, para que ensinasse ao mundo a veracidade de um único Senhor, criador dos céus e da terra, e a necessidade do homem adorá-lo e servi-lo.

No Antigo Testamento, desde a caminhada de Israel no deserto após o Êxodo, até o seu estabelecimento definitivo na terra de Canaã, encontramos o aprendizado de uma nação em formação, de como se deve adorar o único e verdadeiro Deus. Ele próprio os ensina, através dos sacrifícios, do tabernáculo, do seu código de ética e principalmente de sua Lei.

Passando por vários processos de construção, desconstrução e reconstrução, Israel aprendeu a valorizar a Adoração a Yahweh, o Senhor que é, que era e que sempre será. O cativeiro sofrido há décadas, os ensinou que a adoração a falsos deuses, desagradava completamente ao Senhor, por isso, de forma disciplinar, eles foram sarados deste mal chamado idolatria.

Mas, com o passar do tempo, incorreram num outro erro, sua adoração tornou-se vinculada a um sistema religioso que não correspondia com sua conduta. Criaram-se tantas regras e formalidades que distanciou o homem de seu Senhor. Fez com que sua adoração tornasse egoísta e ritualista. Como disse o profeta: “...este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mc 7.6).

Como sua adoração estava apegada a sua religiosidade, fez-se necessária a afirmação de Cristo: “...o Pai procura verdadeiros adoradores...”, expressão esta que continua ecoando em nossos dias. Jesus, com seus ensinos e vida prática, mostrou ao homem que o seu relacionamento com Deus é muito mais simples do que a complexidade de seus ritos. Enquanto muito se discuti sobre a diversificação nas formas de se adorar ao Senhor, encontramos nas palavras do Cristo a essência da Adoração: “...em espírito e em verdade” (Jo 4.23).

 

III – A ADORAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE

Não vivemos nos tempos do Antigo Testamento e nem nos primórdios da Igreja, mas temos um legado que nos foi deixado, a Palavra do Senhor. Ela nos convoca (Sl 95.6, Ap 15.4). Ela mostra como os verdadeiros adoradores devem adorar. O primeiro ponto é analisar que o Senhor, antes de qualquer adoração, procura adoradores, ou seja, verdadeiros adoradores. A palavra usada aqui para “verdadeiro” no grego do Novo Testamento é “alethinos”, que é aquele que participa da essência, que não tem apenas o nome. Esses são aqueles que de fato conhecem a Deus e não são apenas crentes nominais.
A característica principal e essencial de um adorador é conhecer a Deus, isto só é possível através de Jesus (Cl 1.10-15; 2.6-23).

As características principais e essenciais da Adoração são:

- em espírito. Fala do homem espiritual, aquele que está vivo espiritualmente (Rm 8.10; 1Co 2.9-16). Contrasta com a religiosidade, e com o sentimentalismo (Rm 12.1).

- em verdade. Sem falsidade, sem hipocrisia, de coração puro. Verdade fala de entendimento, convicção, é a excelência pessoal em contraste com a obrigatoriedade desta ou daquela tradição.


Por Cleverson Martins de Souza







[1] SEVERA, Zacarias de Aguiar, Manual de Teologia Sistemática, Curitiba: A.D. SANTOS EDITORA, 1999.
[2] STRONG, James. Léxico Grego. In: Bíblia Online – Módulo Avançado versão 3.00. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. CD-ROM.
[3] Op.cit.